Detecção do pequeno besouro das colmeias preocupa o sul asiático
- Guilherme Souza
- 19 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Aethina tumida, conhecido como o Pequeno Besouro das Colmeias (SHB), é um parasita invasor de abelhas, nativo da África subsaariana, mas que se espalhou globalmente, alcançando regiões da África, América, Europa, Ásia e Austrália. Em seu habitat natural, é considerado uma praga menor, mas causa danos severos a colmeias de abelhas europeias (Apis mellifera) em áreas invadidas. A sua presença nas abelhas orientais (Apis cerana) era incerta até ser confirmada recentemente nas Filipinas e China, sem impacto registrado na Coreia do Sul.
A primeira detecção do SHB no sul da Ásia ocorreu em Bangladesh, em junho de 2020, durante a pandemia de COVID-19, quando um apicultor relatou uma infestação larval desconhecida em colmeias de A. mellifera. Após a inspeção, o SHB foi identificado, e verificou-se que 26 das 34 colmeias estavam gravemente danificadas. A partir de 2021, o besouro foi amplamente encontrado em diversas regiões do país. Para entender a origem da população invasora, amostras de DNA foram coletadas de quatro áreas geográficas distintas de Bangladesh e comparadas a 345 sequências públicas de SHB de 30 países.
A análise genética revelou que as amostras de Bangladesh pertencem ao haplogrupo A, caracterizado por sua alta diversidade genética e originário da África central e do norte. Esse haplogrupo também está presente em áreas invadidas na Europa, mas esta foi a primeira vez que o haplogrupo A foi identificado fora da Europa. O estudo também identificou outros três haplogrupos: B, que se originou no sudeste da África e está amplamente distribuído em regiões invadidas, incluindo América, Austrália e Coreia do Sul; C, restrito a Burkina Faso; e D, exclusivo da China e das Filipinas.
Curiosamente, o haplótipo encontrado em Bangladesh não corresponde exatamente a nenhum dos identificados anteriormente em bancos de dados públicos, embora seja geneticamente próximo de populações de Uganda e Congo, sugerindo uma ligação com essas regiões. Isso indica que a invasão em Bangladesh foi independente de outras rotas invasivas asiáticas, e não está associada ao efeito de ponte de outras populações invasoras na Ásia. A ausência de correspondências exatas também levanta a possibilidade de que o local de origem específico ainda não tenha sido identificado.
O estudo destaca a importância de compreender as interações entre o SHB e as abelhas A. cerana, que são abundantes no sul da Ásia, uma vez que essas interações podem exigir novas estratégias de manejo para evitar danos futuros às colmeias. A invasão em Bangladesh é particularmente preocupante, pois indica que a propagação do SHB para novas áreas pode ocorrer rapidamente e com graves consequências para a apicultura local.
Link para o estudo: https://link.springer.com/article/10.1007/s13592-024-01106-3










Comentários